Quando os bebés atingem o primeiro ano de vida, começam também a manifestar cada vez mais as suas intenções. E quando essas intenções não são correspondidas, demonstram o que estão a sentir muito intensamente.
Tudo pode ficar mais fácil, se entendermos as fases de desenvolvimento da criança, podendo assim dar respostas mais adaptadas às suas necessidades.
O comportamento das crianças, quando fazem uma birra, indica muito claramente que não têm a capacidade para se controlar.
Nesta fase, o cérebro das crianças é muito diferente do cérebro dos adultos. Enquanto o adulto já tem desenvolvida a zona cerebral que lhe permite pensar sobre os seus comportamentos e emoções (lóbulo frontal), e se for preciso, controlá-los, a criança desta idade não tem ainda desenvolvida a capacidade de controlo de impulsos. Assim, tudo o que sente, expressa. Quando alguma coisa lhe provoca prazer - ri-se; quando está triste - chora, quando está frustrada ou aborrecida – chora e faz birras.
A criança aprende a capacidade de se auto-regular, através da interacção com os seus cuidadores. Assim, se o adulto for empático (ver as coisas da perspectiva da criança e perceber porque está frustrada) e se mantiver calmo, mais facilmente a criança irá aprender a controlar-se.
Quando os bebés se começam a movimentar sozinhos, ouvem repetidamente a palavra não. “Aqui não, é perigoso”, “não, aí estão os detergentes”, “não, aí apanhas um choque”, “não, aí não podes porque... não”. Alguns meses depois, estão também elas a dizer “não, não, não...” e é “não” a tudo! Parece que estão do contra! Mas não estão.
A verdade é que, ainda bem que começam a afirmar as suas vontades com tanta determinação. É uma importante fase do seu desenvolvimento, que não deverá ser inibida.
É agora que a criança começa a perceber que é um ser separado da sua mãe, que também pode exercer controlo sobre o mundo que a rodeia, e, por isso, começa a expressar as suas vontades próprias. E qual é a sua vontade? A sua vontade é explorar tudo o que lhe parece interessante. E é assim que o seu cérebro se desenvolve: a explorar, a experimentar e, assim, a aprender.
Assim, é desaconselhado ter uma atitude excessivamente impositiva com a criança, sobretudo se for só para lhe mostrar quem é que tem razão. As birras são uma manifestação de frustração e impotência. Sempre que for possível (quando a segurança da criança não está comprometida, ou quando não compromete terceiras pessoas, por exemplo) deve-se deixá-la sentir que é ela que tem o controlo. Desta forma, ao sentir que pode dominar o seu mundo, a criança ganha cada vez mais a noção da sua capacidade de actuação, o que satisfaz a sua curiosidade e promove a sua independência.
Mas claro, deixar a criança ter algum controlo, não quer dizer que não seja necessário impor-lhe limites e regras. Os pais devem sempre representar autoridade para os filhos, deixando sempre claro quem é que está no comando. Quando a criança sente que são os pais que estão encarregues, sentem-se também mais seguras.
Quando há a necessidade de impor um limite e a criança chora, deve-se entender que aquilo que a criança está a sentir é tão intenso, que precisa de expressar a sua emoção. Assim, deve-se evitar grandes justificações (a criança ainda não consegue compreender a lógica e o racional dos adultos) e assumir uma atitude firme, mas compreensiva.
É também importante perceber se a criança está cansada, ou com fome, porque, se assim for, a sua tolerância à frustração é muito menor.